segunda-feira, 21 de abril de 2008

deambulação (In)operativa

O que queres da vida? – Perguntaram-me ontem. E na verdade, não soube responder com toda a certeza. Disparei algo como procurar o equilíbrio, chegar a um ponto em que pudesse afirmar convictamente a mim próprio - Pronto! Assim estou bem, esta vida basta-me e preenche-me totalmente. – mas será que é mesmo isso que eu quero? Afinal o que quero da vida? O que é que me faz querer viver? Nunca reflecti muito acerca deste assunto, e ingenuamente ou não, pensava até ontem, que era andar à procura do tal “equilíbrio” (que em última estância é inalcançável, visto que nunca há uma satisfação completa na condição humana, falta sempre alguma coisa), e após pensar um bocado cheguei à conclusão de que não sei. Porquê? Talvez porque todas as variáveis mudam de um momento para o outro, porque todas as certezas e crenças que existem, nas quais acreditamos e defendemos veementemente podem entrar em colapso e desmoronarem-se num instante, sem que possamos fazer algo para o evitar. É a vida - dizem alguns, quando não se dão ao trabalho para encontrar uma resposta, mas talvez essa seja a atitude mais acertada a tomar, visto que não há nada certo e seguro, como tal, provavelmente não vale a pena esforçarmo-nos para tentar entender e mais vale deixar andar e ver o que acontece.
Mas se não é o equilíbrio que as pessoas procuram, pelo que é que elas se movem?
Objectivo(s), metas, desafios
O que realmente faz as pessoas se mexerem e se superarem a si mesmas são os objectivos a que se propõem ou aos que são obrigadas ultrapassar. Quando um indivíduo possui um propósito, uma vontade, inabalável ou não, de fazer algo, vive melhor, sente-se melhor porque encontra nessa batalha pessoal e interior, um sentido, um significado para a sua vida. Qual é o teu objectivo? – deve ser a pergunta correcta a colocar a cada um. Alguns continuarão a defender que é a procura do equilíbrio físico e emocional, como dizia o senhor Myagi, outros dirão que é ser reconhecido e respeitado por todos, outros dirão que a sua vida não lhes pertence e lá tomam um autocarro com uma bomba na mochila para mostrar o poder do seu Senhor a todos os infiéis e depois há os que afirmam ser o fim de todas as ameaças terroristas o seu objectivo, quando no final são movidos pela ambição pessoal de algumas “pessoas”. Existem ainda indivíduos sem qualquer objectivo na vida, que à custa disso vivem à margem da sociedade, pessoas que tinham realmente um objectivo, um propósito, um sonho, mas que a determinada altura lhes foi tirado, ou perderam-no, não sei, “é a vida”, como se diz.
Agora pergunto – os objectivos das pessoas como é que funcionam temporalmente? Para mim, há os objectivos a longo e prazo e outros a curto prazo, que tal como o nome indica, uns demoram mais tempo que outros a atingir, mas é o seu conjunto, que me faz mexer, lutar teimar, não desistir. Quanto mais se quiser alcançar algo, mais empenho se lhe dispensa. Neste momento tenho alguns objectivos, mesmo agora enquanto escrevo, faço-o com um objectivo, que é tentar perceber alguma coisa acerca do que quero e de que modo o realizo. Mas tal como foi referido anteriormente, pode suceder algo que altere as variáveis da equação e faça os objectivos caírem por terra, fazendo-me questionar o meu sentido, a minha existência.
É normal eu acho, nada dura para sempre, tudo se altera e acaba ao longo do tempo, faz parte da condição humana. E tal como as feridas que alteram fisicamente o corpo, também os contratempos, as agonias, as frustrações, os problemas, os desgostos mudam uma pessoa e fazem-na evoluir (ou não) e adaptar-se às novas condicionantes. Isto reflecte-se nos objectivos de cada um, pois eles também se alteram, transformando-se e orientando-nos para um novo sentido. Assim sendo, poder-se-á talvez afirmar que os objectivos são parte da condição humana. Mas ao contrário da mortalidade, a condição suprema do Homem, os objectivos podem perdurar muito tempo e servir de inspiração a outras pessoas. Não é por acaso que se fala de Ulisses, Aquiles, ou Heitor ou mesmo de um senhor Jesus Cristo que existiu há dois mil anos. Todos eles tinham um objectivo que alcançaram, um objectivo muito maior que eles próprios que os fez alcançar a imortalidade e servir de referência para as pessoas. Mas… acho que já estou a divagar muito, continuo depois esta reflexão, pois cheguei à conclusão de que nada sei. Hmm… Acho que já ouvi isto em algum lado.




Data: Um dia qualquer em Março de 2006