terça-feira, 9 de outubro de 2007

A senhora das rosas


Não é nada do outro mundo um casal estar num restaurante a jantar e ser interpelado por um daqueles senhores de pele escura ou com sotaqui ligeiramente diferente do que o típico português está habituado. Normalmente aproximam-se do dito casal proferindo a seguinte pergunta “Qué flô?” apontando uma rosa vermelha, primeiro ao homem e de seguida à sua companhia, habitualmente mulher (nunca se sabe nos dias que correm…).
Não fosse já este intrometimento aborrecido e serôdio para os casais que querem estar sossegados, acrescenta-se a isso o facto de representar um cliché brutal e diga-se...parvo!
Contudo, piores que os senhores de pele escura que perguntam “Qué flô?” são as senhoras bem vestidas, com jóias e muita laca e perfume a perguntar “Quer uma rosa para oferecer à menina?”. Podia-se dizer que até aqui tudo bem, mas a situação piora quando se responde com um “Não”. Nessa altura solta-se uma fera…
“- Mas sabe senhor? Oferecer uma rosa é de um grande cavalheirismo.
- Obrigado, mas não.
-A menina ia ficar tão contente! Tem a certeza?
-Tenho. Não quero nada, muito obrigado e boa noite.”
(e a mulher presencia este diálogo estupefacta com o vigor com que a senhora tenta impingir uma flor a este pobre homem.)
“-Mas senhor, será indelicado da sua parte ter esta oportunidade e não a aproveitar, só lhe ficaria bem…
-Já lhe disse que não. Não ouviu?
-Devia ter vergonha, que falta de cavalheirismo…
-Boa noite minha senhora… (diz o homem apertando o guardanapo imaginando que este é o pescoço da inconveniente senhora.)
-Ai que horror, tanta indelicadeza! Como consegue jantar com este homem? Por amor de Deus, sinceramente…”
E sai com as rosas de junto deste casal, repetindo a cena em todas as mesas do restaurante tornando desagradáveis momentos que deveriam ser de qualidade. Por isso, fica um aviso, esta senhora costuma ir a um destes estabelecimentos em Matosinhos, num sítio em que só posso dizer que começa por “T” e acaba em “endinha”. Boa comida. Bom vinho, mas a senhora das rosas estraga tudo, deve ser doida coitadinha…


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