terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Se houvesse degraus na terra...

Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda negra.
E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.
Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se,levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho.
Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra,e a fímbria do mar, e o meio do mar,e vermelhas se volveram as asas da águiaque desceu para beber,
e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.
Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.
Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata.
Correram os rapazes à procura da espada,
e as raparigas correram à procura da mantilha,
e correram, correram as crianças à procura da maçã.
Herberto Helder

2 comentários:

Fany disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

boa tarde.
Venho perguntar-lhe se me poderia ajudar.
passa-se o seguinte: o meu professor mandou me fazer uma análise formal do poema "se houvesse degraus na terra..." de Herberto Helder mas eu não estou a conseguir pois acho que é um poema confuso.
Poderia ajudar-me?